Cinema é mais que entretenimento. É também conhecimento. Uma boa forma de saber um pouco mais (e fazer a sua parte) é conhecer mais sobre o planeta em que vive. Lixo, desperdício, consumo, produção de alimentos, água e poluição, esgoto são alguns dos assuntos que estão nesse TOP de filmes e séries. Confira e se tiver sugestões para incrementar a seleção, não deixe de compartilhar!
WATERWORLD – O SEGREDO DAS ÁGUAS (1995)
Depois que o gelo das calotas polares derreteu, a Terra virou um imenso oceano. Os sobreviventes tiveram que se adaptar à crueldade desse novo mundo: os registros da antiga civilização ficaram perdidos e a água potável se tornou escassa. Mariner é um nômade mutante que mora em um barco a vela, vive dos suprimentos que consegue negociar e bebe água reciclada da própria urina (que passa por uma filtragem em uma máquina improvisada). Após ser capturado, ele acaba tendo que ajudar a menina Enola e a mulher Helen em sua busca pela lendária Terra Seca.
Faz sentido acontecer? Sim. Se o efeito estufa continuar, a temperatura média da Terra vai subir e isso fará com que as geleiras derretam. O efeito seria o mesmo do que acontece na ficção: o aumento do nível do mar e o desaparecimento de cidades inteiras, principalmente nas regiões costeiras. Outro resultado, mas que não é abordado no filme, seria o aumento da intensidade de furacões e tornados, que se tornariam mais violentos com as águas dos oceanos mais quentes. Porém, mesmo nos cálculos mais apocalípticos, em que os cientistas imaginam a possibilidade de todo o gelo das calotas polares derreter, não há chance de que todas as porções de terra do planeta sejam “afundadas”. Simplesmente não há água suficiente para isso.
ACQUARIA (2003)
Também conhecido como “aquele filme da Sandy e Junior”, Acquaria mostra o futuro da Terra como um planeta árido e totalmente devastado pela falta de água, após constantes agressões à natureza. Para sobreviver, humanos tomam banho com vapor pra economizar, pescam em mares de areia e a pouca água que bebem vem de reservatórios que captam a rara chuva. É nesse esquema que Kim, Gaspar e Guili seguem sua rotina. Até que encontram Sarah, uma viajante perdida no deserto, com um passado desconhecido.
Faz sentido acontecer? A possibilidade do planeta inteiro se transformar em um grande deserto é remota, mas poderia ocorrer. Até a Amazônia, em tese, pode sofrer com o processo de desertificação. Nessa hipótese, o desmatamento seria o grande vilão, que faria a região amazônica se tornar mais parecida com uma savana. O próximo passo seria uma queda na evaporação e a consequente diminuição do volume de chuvas. Sem essa água, a vegetação e a fauna local começariam a morrer. Com o tempo, surgiria o cenário de deserto.
O LIVRO DE ELI (2010)
Em um mundo pós-apocalíptico, a água é essencial, rara e motivo de disputa. Quem controla as poucas fontes que restaram depois de uma guerra nuclear tem o poder nos pequenos vilarejos que se formam ao seu redor. Eli é um andarilho solitário com uma missão que parece absurda: cruzar o país, protegendo um livro sagrado que ele acredita que pode salvar a humanidade.
Faz sentido acontecer? O mundo já teve provas dos efeitos devastadores que as armas nucleares têm quando os Estados Unidos bombardearam as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Durante a Guerra Fria, a grande preocupação era que Rússia e EUA decidissem resolver sua disputa ideológica com seu poderio nuclear. Nunca aconteceu. Mas eles ainda têm tecnologia para isso. Caso uma guerra baseada nesse tipo de armamento tome conta do planeta, é muito provável que todas as principais fontes de água acabem contaminadas por materiais radioativos. Mesmo as reservas subterrâneas poderiam ser afetadas. Isso tornaria o consumo impróprio para qualquer ser vivo. A situação para os possíveis sobreviventes seria precária, e quem tivesse acesso a uma fonte de água potável teria um poder imenso em mãos, seja para negociar o líquido ou para usá-lo como garantia de influência.
MAD MAX – ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO (1985)
Depois de vingar sua família e sobreviver à crise de combustível nos primeiros filmes da saga, o ex-policial Max Rockatansky agora precisa enfrentar os perigos de um mundo arruinado por uma guerra nuclear. Grandes desertos se formaram e quase toda a água que restou é radioativa. A cidade de Bartertown foi construída para tentar recomeçar uma civilização. Quando Mad Max se depara com o local, logo descobre sua original fonte de energia e recebe uma proposta perigosa de trabalho.
Faz sentido acontecer? O filme conta pouco sobre o que aconteceu entre a crise do petróleo (mostrada nas obras anteriores) e a destruição quase total da sociedade retratada aqui. Pelo que sabemos, o cenário é parecido com o de outras obras de ficção pós-apocalípticas: depois de uma guerra nuclear, sobreviventes tentam se virar em um planeta com fontes de água potável contaminadas por radioatividade. O consumo dessa água poderia causar danos sérios à médula óssea e ao sistema nervoso central dos humanos por suas altas taxas de radiação – além dos efeitos que só apareceriam anos depois, como o surgimento de um câncer. A ameaça de uma guerra com armamentos nucleares infelizmente não cessou depois do fim da Guerra Fria. E o número de armas existentes hoje seria o suficiente para eliminar do mapa as 100 maiores regiões metropolitanas do mundo. Tenso.
CHINATOWN (1974)
O detetive particular Jake Gittes é contratado por uma esposa para investigar um suposto caso de traição do marido. O homem, além de adúltero, é o engenheiro-chefe do departamento de Água e Eletricidade de Los Angeles. Logo após o caso vazar para a imprensa, o engenheiro é encontrado morto e Gittes constata que foi enganado: a esposa que o contratou era de mentira e tudo não passou de uma armação. Para limpar sua reputação, ele precisa descobrir quem matou o engenheiro.
Faz sentido acontecer? Desvio de recursos hídricos para servir a interesses privados. Não parece muito difícil de acontecer, não é mesmo? Pois é, tem até caso recente no Brasil. Em março de 2013, no município de Carira, semiárido do Sergipe, ocorreu um episódio parecido com o do filme: funcionários de uma fazenda desviaram água do sistema de abastecimento da cidade para uso da propriedade e deixaram mais de 15 mil moradores sem o serviço.
DR. FANTÁSTICO (1964)
Jack Ripper, general da Força Aérea Americana, decide que chegou a hora dos EUA atacarem a União Soviética: sem o conhecimento de seus superiores, ele autoriza seus aviões a despejarem bombas nucleares em solo soviético e fecha sua própria base militar, cortando toda a comunicação com o resto do mundo. Só ele tem o código que pode cancelar a operação. O presidente americano envia então uma equipe para invadir o local, enquanto tenta resolver a situação diplomaticamente com a URSS.
Faz sentido acontecer? A fluoretação da água tratada é uma medida para combater a cárie dentária que começou a ser aplicada nos EUA na década de 40. De lá para cá, a discussão em torno da eficiência desse tipo de iniciativa só cresceu. Alguns ativistas, por exemplo, apontam para a toxicidade do flúor quando ingerido em altas quantidades, o que seria um problema. Mas isso é questionado por especialistas. A Fundação Nacional da Saúde (Brasil), por exemplo, diz que a medida tem eficácia comprovada. Dá pra sacar então que não será o flúor na água que irá “contaminar lentamente nossos fluidos vitais”. Infelizmente, contaminações na rede de distribuição de água podem acontecer. Nos Estados Unidos, no estado da Pensilvânia, moradores relataram diferenças no gosto e na cor da água de seus poços depois que a exploração do gás natural começou na região onde moravam, em 2008. Mais casos de dores de cabeça e doenças graves, como câncer, passaram a ser registrados por lá na época. Posteriormente, exames detectaram elementos como benzeno e vanádio na água da região, ambos tóxicos para seres humanos.
007 – QUANTUM OF SOLACE (2008)
James Bond precisa combater uma poderosa organização mundial que tentou eliminar “M” de seu caminho. O famoso agente secreto inglês começa sua investigação e chega no nome do magnata Dominic Greene, responsável por um projeto filantrópico que constrói parques ecológicos ao redor do mundo para supostamente preservá-los. Quando Greene decide ajudar um general a dar um golpe na Bolívia em troca de um pedaço do deserto do país, agentes americanos acreditam que ele encontrou petróleo na região. Mas, como Bond descobre, seu interesse está em um recurso muito mais valioso.
Faz sentido acontecer? Não dá para saber se existem organizações internacionais secretas que buscam acesso estratégico a fontes de água potável no futuro. Mas teorias da conspiração é o que não faltam, principalmente para alarmar os brasileiros sobre os interesses estrangeiros nos recursos hídricos da Amazônia. Correntes de e-mail vira e mexe espalham o boato de que os Estados Unidos, por exemplo, estariam divulgando a região, que é dona da maior bacia de água doce do mundo, como uma “área de controle internacional”. A presença de diversas ONGs estrangeiras na Amazônia também aumenta a desconfiança de quem acredita nas teorias.
SÉRIES DE TV
UNDER THE DOME
1ª TEMPORADA, EPISÓDIO 6: “THE ENDLESS THIRST” (2013)
A torre de abastecimento de água da cidade de Chester’s Mill, nos Estados Unidos, é destruída por um acidente de carro e toda a água do reservatório se perde. Para piorar, os cidadãos descobrem que o lago que o abastece está poluído. Seria um problemão para qualquer cidade. Agora imagine que este local está separado do resto do mundo por uma enorme redoma aparentemente indestrutível. Pois é.
Faz sentido acontecer? A possibilidade é remota, mas caso um domo gigante caia do céu isolando uma cidade do resto do planeta e fazendo com que ela perca suas fontes de água potável, as soluções sugeridas são as mesmas da atual crise da água no mundo: reduzir o consumo, apelar para o reúso da água e aproveitamento de água da chuva. Como a tecnologia dentro do domo é limitada, os processos teriam que ser bem simples. Mas já existem soluções caseiras para filtragem da água que serviriam para casos como esse.
ALÉM DA IMAGINAÇÃO (“THE TWILIGHT ZONE”)
3ª TEMPORADA, EPISÓDIO 10: “THE MIDNIGHT SUN” (1961)
E se a Terra saísse de sua órbita elíptica e estivesse se aproximando cada vez mais do Sol? O episódio mostra como seria tentar sobreviver no calor cada vez mais insuportável de uma Nova York quase totalmente abandonada. Com o aumento da temperatura, começa o racionamento de energia e a água se torna um item raro e disputado. Não há noite, nem sombras, só dia e calor…
http://www.dailymotion.com/video/x2ee3q9_science-fiction-treasures-the-midnight-sun-1961-twilight-zone-series-by-rod-serling-epsat_shortfilms
Faz sentido acontecer? Com o Sol mais próximo, mais calor na Terra, mais água evaporada, menos para consumo. Até faz sentido. Mas para criar um eterno dia, não bastaria se aproximar do Sol: seria preciso que o movimento de rotação da Terra fosse igual à translação. Caso isso acontecesse, só haveria um lado da Terra iluminado constantemente pelo Sol. O outro lado seria uma eterna escuridão. Mas é improvável que nosso planeta mude sua órbita elíptica sem razão aparente.
JORNADA NAS ESTRELAS: A NOVA GERAÇÃO
1ª TEMPORADA, EPISÓDIO 18: “HOME SOIL” (1988)
A Enterprise visita o planeta inóspito Velara III, que está sofrendo o processo de terraformação para transformá-lo em um ambiente capaz de manter e criar vida. Quando eles chegam, a estação está prestes a iniciar a fase 3 da operação: bombear a água subterrânea do planeta para extrair seu sal e diminuir sua salinidade, tornando-a adequada para a formação de lagoas artificiais. A ideia é que microorganismos sejam depois introduzidos ali e uma biosfera fértil se desenvolva no local. Um acidente no processo, porém, causa a morte de um membro da equipe e obriga os enviados da Enterprise a descobrirem quem é o assassino.
Faz sentido acontecer? Se um dia a água na Terra acabar, é possível que o processo de terraformação faça parte do nosso cotidiano. Pelo que conhecemos, só essa adequação às necessidades humanas, como a presença de água potável, seria capaz de garantir a colonização humana de outros planetas do Universo. A ideia é antiga: há muito tempo se fala, por exemplo, em adaptar Marte para nossa habitação. Os desafios por lá são diferentes dos de Velara III: a temperatura “marciana” oscila entre zero grau e 80 graus negativos, praticamente não há oxigênio em sua atmosfera e o planeta sofre com um excesso de radiação ultravioleta do Sol.
Um dos principais objetivos das agências espaciais atualmente é a busca por planetas similares à Terra que possam abrigar vida. Recentemente, uma onda de descobertas de planetas parecidos com o nosso tem animado os pesquisadores. Mas terraformar um planeta ainda está longe de ser provável por ser um projeto extremamente caro: se hoje as missões espaciais tripuladas já não acontecem em grande parte por seu alto custo, imagine reformar um planeta inteirinho para ser habitado. Fora o tempo que provavelmente levaríamos para chegar até um planeta distante.
TRIGUN
1ª TEMPORADA, EPISÓDIO 2: “TRUTH OF MISTAKE (1998)
Nesta adaptação do mangá homônimo criado por Yasuhiro Nightow, os sobreviventes de um acidente espacial têm que viver com os recursos que encontraram em um planeta desértico e a pouca tecnologia que sobrou das naves quebradas. A água, por exemplo, é retirada de reservas subterrâneas por meio de poços. Cliff Schezar é um empresário que vende a água encontrada em suas terras para cidadãos que enfrentam a seca. Depois de sofrer uma tentativa de assassinato, Schezar contrata o famoso pistoleiro Vash “O Estouro da Boiada” para ser seu guarda-costas e proteger sua hóspede, Marianne.
Faz sentido acontecer? É fato: quem controla a água em locais em que ela é escassa, adquire poder, seja ele político ou econômico. É fácil imaginar a história de um empresário que monopolize recursos hídricos encontrados em sua propriedade, como Schezar, na “vida real”. No Brasil, os recursos encontrados no subsolo são do governo, que emite concessões para exploração por meio do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Ou seja, antes de construir qualquer poço no quintal da sua casa e começar a vender pros vizinhos, você teria que notificar o DNPM.