Cerca de 3,5 mil imóveis de Belo Horizonte e de Contagem, na Região Metropolitana, continuam lançando esgoto na Lagoa da Pampulha apesar de contarem com redes de coleta e tratamento, segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Eles representam um entrave na limpeza completa do cartão-postal já que, até agora, mais de 95% do esgoto que era despejado foi interrompido. Esta meta foi alcançada com dois anos de atraso. Na época, a empresa alegava que a lagoa poderia receber esportes náuticos durante a Copa de Mundo de 2014.
De acordo com a Copasa, a instalação da rede interna nas casas é de responsabilidade dos proprietários. A conexão com o sistema instalado na rua pela empresa é feito gratuitamente.
“É difícil saber quem ainda não fez a ligação. As pessoas não querem se expor. É chato você ser vistos pelos vizinhos como alguém que continua lançando esgoto na lagoa”, disse Carlos Augusto Moreira, presidente da Organização Não Governamental (ONG) Somos Pampulha e do Consórcio de Recuperação da Lagoa da Pampulha.
De acordo com ele, antes da construção das redes, iniciada em 2013, a maioria das casas da Região da Pampulha contava apenas com fossas sépticas, unidades de tratamento de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação da matéria sólida contida no esgoto. Em seguida, os dejetos eram lançados na lagoa.
Além de arcar com os custos da construção da rede interna, os moradores que fizeram a conexão com a rede da Copasa também tiveram aumento nas despesas. De acordo com a empresa, a tarifa cobrada pelos serviços de esgotamento sanitário aumenta em 90% o valor da conta de água.
“Eu não sei de nada. Não tenho conhecimento”, disse um dos moradores da Enseada das Garças, bairro nobre da Região da Pampulha, que não quis se identificar, ao ser perguntado sobre a conexão da rede interna da casa com o sistema da Copasa.
Uma outra moradora também afirmou não ter informações sobre a rede de esgoto. “Não sei. Não lembro nada disso”, contou.
“Ainda tenho fossa séptica, mas é por causa dos cachorros. Tinha um cano aqui na rua que jorrava esgoto, mas a Copasa resolveu. Ligaram a minha rede há dois anos. Eles até chegaram a fazer campanha na época e nem paguei nada pra fazer a rede interna. Mas agora tem que pagar”, disse a dona de uma das casas do bairro.
A Copasa informou em nota que “desenvolve trabalho social com os proprietários desses imóveis no sentido de conscientizar sobre a necessidade de adesão as redes. O serviço pode ser solicitado em qualquer agência de atendimento da empresa”.
As propriedades em questão estão localizadas em vários bairros da Região da Pampulha, em Belo Horizonte, e próximos a córregos que deságuam na lagoa, em Contagem.
A Copasa ainda informou que não tem autoridade legal para obrigar os donos dos imóveis a aderirem aos serviços da empresa.
Obras
O esgoto produzido por cerca de 90 mil pessoas era despejado na lagoa. Grande parte delas são moradoras de Contagem, na Região Metropolitana, que possui a maior parte da bacia hidrográfica e, por isso, apresenta os piores problemas em relação ao saneamento.
Segundo a Copasa, desde 2013, mais de R$ 100 milhões estão sendo gastos para a construção de redes coletoras e interceptoras na cidade e também em Belo Horizonte.
De acordo com o diretor de operação da Região Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, as obras previstas neste último contrato vão terminar em dezembro.
Unesco
A lagoa faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, candidato ao título de Patrimônio Mundial da Unesco. Uma representante da entidade esteve em Belo Horizonte durante esta semana para avaliar o local. A candidatura será analisada em julho de 2016.
Mais de 3 mil imóveis sem ligação de esgoto travam limpeza da Pampulha
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