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Sustentabilidade na Construção Civil: Benefícios Ambientais e Econômicos

A gravidade da atual crise hídrica e energética vivida pelo Brasil tornou imperiosa a necessidade de a indústria brasileira avançar em métodos e processos sustentáveis de produção. Não será mais aceitável e nem possível continuar a produzir sem mitigar as consequências para o meio ambiente, seja no consumo de recursos naturais escassos, como a água e matérias-primas, energia, e com o foco na máxima diminuição possível da geração de resíduos e emissão de CO2.

Nesse sentido, a indústria brasileira de blocos de concreto deu início, em 2013, ao projeto de implantação da Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto. Desenvolvido e coordenado pelo Conselho Brasileiro da Construção Sustentável (CBCS), com o apoio da BlocoBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) no processo de realização desse que é um projeto pioneiro e foi realizado numa escala até então nunca praticada no Brasil.

A ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto contou com a participação de 33 grandes e médios fabricantes de diversos estados brasileiros e foi concluída no final de 2014.

O projeto, coordenado pelo professor-doutor Vanderley John, da Poli-USP e integrante do CBCS, coletou dados e quantificou indicadores de produção que permitirão às empresas participantes avaliar e gerenciar seus processos, contribuindo com a sustentabilidade no setor da construção civil. Aplicado à indústria de materiais de construção – no caso, aos fabricantes de blocos e pisos intertravados de concreto -, permitirá às participantes controlar e intervir no processo produtivo com critérios de sustentabilidade.

De acordo com a arquiteta Érica Ferraz de Campos, do CBCS, “quantificar o impacto das atividades humanas é o primeiro passo para fundamentar decisões e gerenciá-las corretamente”. Para isso, o primeiro módulo do projeto ACV-m consistiu em levantar os cinco aspectos ambientais mais relevantes e comumente identificados em processos industriais, nos seguintes itens: água, energia, principais matérias-primas utilizadas, geração de resíduos e emissão de CO2.

A ACV-m é uma versão em escopo reduzido da avaliação de ciclo de vida tradicional, metodologia bastante difundida no mapeamento de processos produtivos e que visa a identificar aspectos críticos, desde a aquisição da matéria-prima até a disposição final do produto.

A ACV-m garante o alcance da avaliação e permite aos fabricantes iniciarem a prática de levantar internamente os dados da fabricação, analisar o processo e divulgar seus resultados. Esta é a primeira etapa de uma ACV completa, por isso é modular, e torna a avaliação mais acessível, com prazos e custos reduzidos, permitindo a participação de um número maior de indústrias e garantindo a sua realização numa escala ainda não realizada no Brasil com fabricantes de produtos para a construção civil.

Diferente de outras iniciativas de implantação de ACV na indústria da construção civil, nas quais os indicadores são baseados em dados de literatura – em muitos casos, do exterior – e tomados como referência média do setor, a metodologia desenvolvida pelo CBCS visou a que cada fábrica participante fosse treinada para medir seus próprios indicadores e buscou identificar diferenças entre tecnologias e fabricantes. E, também, o potencial de redução de impactos que podem ser obtidos pela seleção de fornecedores com critérios de sustentabilidade.

Contribui, assim, para que os indicadores de ACV promovam o interesse por melhores práticas de produção e resultem em ganho ambiental. Além disto, essa metodologia permite comparar setores concorrentes de forma justa, em vez de utilizar indicadores médios, que não refletem a realidade do mercado.

De acordo com o professor Vanderley John, nos relatórios gerais da ACV, que estão disponíveis ao público no site do CBCS e da BlocoBrasil, entre outros, os relatórios permitem aos fabricantes de blocos e pisos de concreto e ao mercado verificar a ecoeficiência de seus fornecedores. Aos fabricantes, permite também medir seus índices em comparação aos demais e focar em melhorias nos processos, a fim de obter benefícios ambientais e técnico-econômicos em seus processos produtivos.

Este é o primeiro e importante passo para que a indústria de blocos e pisos intertravados de concreto avancem na busca da melhoria de seus indicadores ambientais, busca essa que certamente gerará também mais eficiência nos processos produtivos.

Os principais beneficiados serão a sociedade brasileira, com a melhoria dos indicadores ambientais desse setor, e a cadeia produtiva da construção civil, que terá à sua disposição produtos fabricados com qualidade, técnica e ambiental.

Este é o início da caminhada da indústria de blocos de concreto de qualidade rumo à produção sustentável, meta que será atingida em alguns anos, à medida que o mercado e a sociedade passarem a exigir cada vez mais produtos sustentáveis dos seus fornecedores, certificados e avaliados por entidades de terceira parte, reconhecidas e confiáveis, como ocorreu nesta ACVm, e não em índices do exterior, que não refletem a realidade brasileira.

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